QUASE AURORA : SER MULHER AOS 20 E POUCOS

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21
abr
2020

SER MULHER AOS 20 E POUCOS


Quando criança, eu sonhava com a vida adulta. Achava que seria glamour e alegria, bem como os filmes americanos, e sem saber muito sobre a vida, resolvi criar um roteiro de como seriam meus anos futuros. No começo, a vida até que seguiu o script, mas logo na segunda cena tudo mudou!

A verdade que ninguém te conta, no caso, me contou, é que a vida não tem o roteiro de Hollywood. O ensino médio não é como em As Patricinhas de Beverly Hills e a faculdade não é como em Legalmente Loira. Não tem fru-fru, sorrisos e roupas descoladas (até tem, mas nem sempre). A vida é  repleta de fases confusas e difíceis, tanto que não lembrei de nenhum filme para comparar.

Você, no caso eu, ainda chega nos vinte e poucos com alguns dos mesmos questionamentos dos quinze anos. Amadurece em algumas áreas e outras você simplesmente abraça a menina que há dentro de si. Cria mais responsabilidades e desenvolve a maturidade (em alguns casos, as pessoas esquecem disso), mas não é só isso, tem o bônus negativo que ninguém lhe conta quando você tem doze anos e sonha em ser adulta.

Ser mulher não é fácil. Todo dia matamos um leão e damos conta de um milhão de coisas, mas ser mulher solteira significa ter que ouvir o tempo todo que você precisa arrumar logo um namorado ou irá ficar pra titia! Já reparou que essa frase menospreza as tias solteiras que muitas vezes estão assim por serem viúvas ou porque simplesmente querem ser solteiras? Enfim... Ainda tem os comentários do relógio biológico, mas nem vamos entrar nesse assunto que rende pano pra manga!

Ser mulher aos vinte e poucos e introvertida é ouvir o tempo todo as pessoas falando que você precisa fazer amizades e que está solitária. Será que ninguém mais consegue se sentir bem sozinho? Solitude, minha gente, solitude! 

Ser mulher aos vinte e poucos e chorar é errado! Engula o choro, controle suas emoções, afinal, você precisa ser madura agora, é uma adulta e adultos não choram ou esboçam emoções. E mulher que chora é desequilibrada! Você não quer que as pessoas pensem que além de imatura é desequilibrada, não é mesmo?

Ser mulher aos vinte e poucos é não ter dúvidas quanto ao seu futuro acadêmico. Nada de ficar mais de dois anos sem estudar, você precisa de uma pós-graduação, mestrado e doutorado! E nada de se sentir perdida ou questionar se escolheu a profissão certa, já está na hora de se tornar bem sucedida e ganhar muito dinheiro!

Ser mulher aos vinte e poucos é ter que aceitar todo convite que lhe fazem para sair, nada de “tempo ruim”, você é nova e precisa viver muito porque velho não viaja, só fica em casa cuidado da vida alheia, velho não é feliz e não aproveita as coisas boas da vida, por isso, saia e saia muito, não se canse e caso esteja cansada, vá assim mesmo! E só converse com pessoas jovens, pra quê ficar no meio dos quarentões ou idosos? Jovem só conversa com jovem!

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Ser mulher aos vinte e poucos é não usar mais calça jeans e camiseta, você precisa ser uma femme fatale, sexy, muito sexy! Atraia os olhares de homens e mulheres. Ande sempre arrumada, larga fora essa ideia de “não quero mais fazer minha sobrancelha”, larga fora essa ideia de minimalismo, compre muito porque você precisa estar sempre bem vestida, cada dia com uma roupa nova, afinal, você é o que aparenta ser e não o que é.

Ser mulher aos vinte e poucos e não ser aquilo que você idealizou é completamente normal! A vida muda, nossos planos e opiniões também. Sua cor favorita da infância pode não ser a mesma agora, suas atitudes nos relacionamentos passados não serão as mesmas no futuro, sua amizade do colégio pode ter durado dez anos, seu cabelo pode ter caído, sua saúde de ferro continuar a mesma ou lhe levar à uma internação. Tudo muda porque a vida não segue um roteiro e ninguém jamais permanece o mesmo.

Nós evoluímos e reaprendemos a viver diante de cada novo cenário. Mas o que você não pode achar normal é ter vinte e poucos anos e não ser o que as pessoas queriam. Eu não sou culpada pelas idealizações alheias, assim como elas não são culpadas por não serem da forma que eu gostaria. Não há como agradar gregos e troianos. 

Ninguém me disse isso aos doze anos, mas eu aprendi ao longo dos meus quase vinte e seis. Não foi e não é fácil ouvir/ler isso e muito mais, mas como diz a música, “o que não te mata, te fortalece”. Muitas vezes eu me sinto como em De Repente 30...

Há um peso que tentam colocar nos meus ombros o tempo todo. Quando mais perto dos trinta, mais perto dos dois caminhos está: o de bem sucedida ou fracassada. E olha... Isso é completamente ridículo! Não me sinto tão nova, mas também não me sinto tão velha. Não vejo o ato de envelhecer como algo horroroso, afinal, a partir do dia do nosso nascimento, estamos envelhecendo.

Não há nada de errado em ser mulher aos trinta solteira, com um trabalho mediano, com somente uma graduação (em alguns casos nem isso), não ser uma femme fatale e muitas outras coisas. O problema não está na mulher em ser ou deixar de ser, o problema está nas pessoas que cobram da mulher algo que ela não é e não quer ser! 

E se ela estiver perdida? Tá tudo bem! Uma hora a gente se encontra e isso não tem nada ligado a idade, mas sim a vida e seus caminhos e surpresas.




2 comentários:

  1. Ai que texto lindo!
    eu me identifiquei muito com seu texto, e tudo piora quando a gente mesmo começa a se comparar com as amigas da msm idade né?
    Já me frustrei muito por isso, hoje eu vejo que cada um de nós tem suas escolhas, suas prioridades, seu tempo e seu momento, e o importante é estar feliz onde se está, mas amei seu texto, é muito real, eu tenho 23 vou fazer 24 e me imaginava completamente diferente do que estou, nao que isso seja ruim só é diferente mesmo, é engraçado como a gente tem uma versão americanizada dos 20 né? eu me imaginava solteira, trabalhando, com meu carro e casa, estou casada (desde os 18), acabei de começar a facul, nao tenho carro e nem minha casa ainda, estou num emprego bom, mas nao dos meus sonhos (ainda), mas estou feliz com a vida que tenho, saiba que cobranças por relacionamentos sempre vai ter, no meu caso, como me casei cedo muita gente fala que estraguei minha vida, mas aposto que se nao tivesse namorado, estariam falando que tava estragando minha vida também, viver pra agradar os outros é morrer aos poucos sem dúvida, o que importa é estarmos felizes (nem sempre também, porque a felicidade assim como a tristeza são momentos), mas estarmos cheias de contentamento pelo presente que é viver!
    Um super beijo!

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    Respostas
    1. “viver pra agradar os outros é morrer aos poucos”, é justamente isso que você falou! Devemos viver em prol da nossa alegria e satisfação.
      A vida nem sempre segue o nosso roteiro, né? Mas que bom porque vivemos com surpresas, algumas emocionantes, outras nem tanto kkkk

      Obrigada pelo seu comentário! Amei!
      Beijo enorme ♥️

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